quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A santidade do clero

Temos assistido de coração partido a explosão de denúncias contra sacerdotes de nossa querida Igreja em todo o mundo. Ainda com maior tristeza tivemos que admitir que muitas das mais terríveis denúncias não eram sem fundamento, mas revelavam uma verdade que nem imaginávamos pudesse existir. Como um verdadeiro cristão deve reagir a tudo isso?
Em primeiro lugar, temos que ter fé e acreditar que este momento doloroso para a Igreja e, em especial, para o sacerdócio, nos trará grandes benefícios e, certamente, muito crescimento e amadurecimento. Afinal, não foi o próprio Senhor que nos garantiu que a verdade nos faria livres (cf. Jo 8, 21)? Basta-nos, então, ao invés de julgar os irmãos, agradecer ao Senhor que não permite que as trevas da mentira encubram a luz da verdade.
Mas então, diante da triste realidade de sacerdotes  que vivem como se não conhecessem a Cristo, como poderíamos ainda acreditar na santidade do sacerdócio? Catherine possuía um imenso carinho pelos sacerdotes e uma verdadeira devoção pelo sacerdócio. Talvez seja este o grande mistério. Saber reconhecer que além da pessoa do sacerdote, Homem como qualquer um de nós, existe a imensa e extraordinária realidade do sacerdócio.
É verdade, um sacerdote em  particular pode  ou não ser um santo homem, trata-se de sua santidade pessoal. Muitíssimos sacerdotes foram exemplo para todo o seu povo de uma clara e límpida vida de santidade. Um santo sacerdote é uma imensa riqueza para o seu rebanho, e seu rebanho sabe disso. Temos  que saber, entretanto, que medir o grau de santidade de uma pessoa é tarefa das mais difíceis, e diante de uma vida de que transpira santidade, seja um ministro ou um fiel, melhor simplesmente elevar ao Senhor um canto de reconhecimento, simples, sincero e despretensioso.
Entretanto, ainda se forem tíbios em sua fé, ou mesmo grandes pecadores, existe nos sacerdotes algo a ser respeitado e venerado, o seu sacerdócio. O sacerdócio não transforma automaticamente o sacerdote em um santo, mas porque o seu não é um sacerdócio qualquer, mas o Sacerdócio de Cristo, é digno de admiração e veneração. Seja o sacerdote um Pedro ou um Judas, é a Cristo que pedimos a bênção e o perdão, a palavra e o conselho, o alimento e a força.

“De repente, sumiu da minha mente, do meu coração e da minha alma todo desejo de acusar qualquer um destes padres por sua falta de fé, fraqueza ou imaturidade.
Eu fui subitamente tomada por amor e compaixão.
Eu quis tomá-los em meus braços como se fosse a mãe deles ou a irmã mais velha.
Eu quis consolá-los. Eu quis dizer-lhes o quanto eu amava o sacerdócio deles,
que é o único sacerdócio de Cristo.
Eu quis dizer-lhes o quanto eu e todos nós leigos precisamos deles.
Mas mesmo nossas necessidades desaparecem neste amor e compaixão que me abarcaram.”

Catherine de Hueck Doherty
(Em “Querido Padre”- Título original: Dear Father: A  message of Love to priests)