quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Simples, pobre, como uma criança

O “Pequeno Mandato”, pequeno texto forjado ao longo dos anos na vida de sua fundadora, é considerado pelos membros do Apostolado de Madonna House como que o coração de sua rica espiritualidade.
Nele, uma frase pequena mas extremamente densa de significado nos oferece uma inteira reflexão sobre o mistério do nascimento de Cristo, ou melhor, sobre como deve comportar-se o cristão que queira contemplar de perto tão arcano mistério.
Pequeno, sê sempre pequeno! Simples, pobre, como uma criança”: não é somente um convite, é o segredo que nos permite de aproximarmo-nos da manjedoura e contemplar o pequeno infante que dorme entre palhas.
Não significa que um adulto não possa contemplar a beleza de uma criança recém-nascida em sua candura inocente, mas quem de nós nunca percebeu o olhar maravilhado de uma criancinha que, erguendo-se com esforço na ponta dos pés, contempla extasiada um berço.
Somente se formos como crianças poderemos realmente aproximar-nos da criança que dorme tranquila envolta em faixas, não se trata tanto de uma aproximação física, mas de uma forma de identificação: ser criança como a criança que contemplamos.
Um conhecido pensamento afirma que a contemplação nos torna semelhantes ao bem contemplado. Assim: diante do presépio, inclinados sobre a manjedoura, contemplemos Jesus Menino para sermos como crianças, sejamos como crianças para contemplarmos Jesus Menino!

“Para começarmos a rezar, é imprescindível que purifiquemos o espírito de todo orgulho e arrogância, aproximando-nos, como mendigos, daquele que nos pode transformar em reis e rainhas, não de domínios terrenos, mas de reinos eternos. Depois de nos termos reduzido a esta condição de pobreza e pequenez, então sim, podemos ir a Belém para o grande encontro com esta Criança divina que se fez pobre por nosso amor.”

Catherine de Hueck Doherty
(Em “Evangelho sem restrições”- Título origial: The Gospel without Compromise)

domingo, 6 de novembro de 2011

O poder do silêncio

O silêncio possui propriedades curativas. O silêncio, como poucas coisas na vida, tem a capacidade de curar e recompor nosso interior fragmentado em mil pedaços pela correria da vida moderna. O silêncio é sagrado, pois somente quem silencia é capaz de escutar. Metade de um diálogo é feito de silêncio, é o momento em que permitimos ao outro de falar.
Não, não se trata de silêncio exterior, físico, ainda que hoje em dia, devido ao fato de se tratar de algo sempre mais raro, o silêncio externo merece ser cultivado. Trata-se de algo muito mais profundo, trata-se do silêncio do coração. É verdade que o silêncio externo pode ajudar um pouco, mas é perfeitamente possível silenciar em meio às grandes ruas das nossas cidades, no trânsito ou seja lá onde for.
Este silêncio do coração possui uma dupla dimensão, enquanto abre nossos ouvidos à voz de Deus que espera apenas um pouco de atenção para falar-nos, envia-nos direto ao mundo desconhecido e surpreendente de nossa intimidade, o mundo inexplorado que existe dentro de cada um de nós. Lá, dentro do mais profundo do nosso ser, podemos aprender, ouvindo a Deus, como juntar os fragmentos de nossas almas e assim, recompostos e curados, poderemos finalmente curar e recompor os corações de nossos irmãos e irmãs!

“Por estranho que pareça, o único meio que pode ajudar o homem a encontrar resposta sobre si mesmo e sobre Aquele que o fez à sua imagem é o silêncio, a solidão – numa palavra, o deserto. O homem de hoje precisa destas coisas muito mais do que os eremitas de outrora (...). Desertos, silêncio, solidão não são necessariamente lugares, mas sim um estado de espírito e de coração.”

Catherine de Hueck Doherty
(Em “Deserto Vivo: Poustinia”- Título origial: Poustinia: Christian Spirituality of the East for Western Man)